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“Na verdade, perante a tentação de aproveitar o interessante motivo decorativo do ananás [...] escapou-me que aquele fruto não é cultivado na Ilha da Madeira.”

Raul Lino, Carta ao administrador do Grémio dos Exportadores de Frutas e Produtos Hortícolas da Ilha da Madeira, 1942.


Raul Lino na ilha dos ananases

Durante a década de 40 do século passado, Raul Lino realizou alguns projectos na Madeira. No artigo intitulado “A propósito da Casa Madeirense”1 registou as suas impressões da Ilha. Feria-o sobretudo “a forma e a cor de telhados novos que arranham desalmadamente a paisagem. A rigidez geométrica de coberturas sem o tradicional sanqueado [...] Telha de Marselha só se recomendaria pela relativa barateza, mas é horrenda”.2 No seu característico estilo, declamava: “Oh casas simpáticas da Madeira, discretas e calmas, cheias de graça e repousantes, amorosamente aconchegadas ao fundo de jardins frondosos!”; rematando, mais adiante, com uma pergunta: “A casa portuguesa, discreta, sóbria, guarnecida de trepadeiras, em contacto com o jardim (ou simples quintal) [...] não realizará em qualquer época o ideal de uma moradia funchalense?”3
     Eis-nos perante a velha “questão da Casa Portuguesa”. Não é possível falar nela sem mencionar Raul Lino, o autor de A nossa casa, publicado em 1918 – único best-seller que se conhece escrito por um arquitecto português sobre arquitectura portuguesa.4 Raul Lino foi uma figura central nesta questão, não só pelos projectos que realizou nas primeiras duas décadas do século, como por toda a obra escrita que publicou sobre o assunto. “Nunca se pergunte em que estilo se vai construir. É lógico que se construa no estilo da região”, afirma peremptório no seu best-seller.
     De entre os projectos que construiu na Madeira – o restauro dos Paços do Concelho, o chafariz do Largo do Colégio e a Vila  Ema – destaca-se o edifício sede do Grémio dos  Exportadores de Frutas e Produtos Hortícolas da Ilha da Madeira. Nele, o arquitecto resolveu decorar o tímpano que encima a entrada principal com um cesto em cantaria lavrada – pormenor, aliás, muito a seu gosto – do qual transbordavam os frutos produzidos pela região. No desenho que enviou ao cliente, coroando o cesto, figurava em lugar de destaque um repolhudo ananás [a]. O presidente do Grémio protestou: um ananás na Madeira, senhor arquitecto? Raul Lino tentou justificar-se: “Na verdade, perante a tentação de aproveitar o interessante motivo decorativo do ananás [...] escapou-me que aquele fruto não é cultivado na Ilha da Madeira.”5 Na segunda versão [b],  a que veio a ser construída [c], apressou-se a substituí-lo por um cacho de bananas...
     Que concluir deste episódio? Na verdade, Raul Lino não fez mais do que escolher o motivo que plasticamente melhor servia a sua arte: a mão, distraída, preferiu “o interessante motivo decorativo do ananás” à vulgaridade da banana. Que importava que não se cultivassem ananases na Madeira? Alguém o poderá censurar pela primeira escolha? Raul Lino, porém, era um homem delicado e cordato para com os seus clientes e, para além do mais, um regionalista...

A “casa madeirense” segundo Reis Gomes
Ainda hoje, quando se ouve falar da “casa madeirense”, a imagem que nos ocorre, a que parece  ter cristalizado no imaginário insular, é a de uma moradia unifamiliar sóbria de dois pisos, beirado saliente e linha do telhado sanqueada, janelas orladas de cantaria e os tradicionais tapa-sóis verdes. A cor da caiação poderá variar – do branco ao ocre passando pelo rosa escuro. Adossado a uma das fachadas aparece quase sempre um alpendre e, no jardim, entre caminhos de seixo rolado, haverá uma pérgola coberta de buganvília ou talvez, a característica “casinha de prazer” onde, por detrás das venezianas, se pode recatadamente espreitar para a rua [d].
     Mas será que esta imagem corresponde, de facto, a uma casa tipicamente madeirense ou tratar-se-á apenas de uma ficção inspirada em alguns temas da arquitectura local? No início dos anos 30 do século passado, o major Reis Gomes, publicista, dramaturgo e apaixonado pela matéria, acreditava que sim e deixou-nos um livro sobre o assunto: Casas madeirenses6 [e].
     Partindo da observação de modelos de proveniência erudita e popular, Reis Gomes conclui pela existência de uma “casa madeirense” que se filiaria no tipo continental mas “com diferenças que lhe dão um cunho próprio”. Nas suas deambulações pelo Funchal histórico e pitoresco o autor resumiu algumas das constantes do tipo: cimalha espessa sob o beiral do telhado, janelas com padieiras que se “elevam em entablamentos” de alto friso, uso corrente de varandas de sacada com varões de ferro batido, vidraças cobertas com tabuinhas de correr ou venezianas, uma certa “verticalidade das ligações arquitectónicas”, a utilização dos tufos e dos basaltos orlando os vãos e, ainda, a recorrência de soluções como a torre “avista navios” e a “casa de prazer”.
     Em lugar algum nos é indicado um edifício, popular ou erudito, que pelas suas características se aproxime do arquétipo do que uma “casa madeirense” poderia ser. O autor imagina-a a partir da observação de um conjunto de temas arquitectónicos que o seu olhar perspicaz vai colhendo em erráticos passeios pela cidade. A casa não existe senão na sua imaginação. Nada impede, todavia, que não possa vir a ser desenhada, desde que haja alguém para o fazer. Esse alguém será Edmundo Tavares.

Edmundo Tavares, o ilustrador

Arquitecto da primeira geração moderna portuguesa, nascido em Lisboa (1892), formado pela Escola de Belas Artes (1903-13), Edmundo Tavares deixa uma obra considerável no Funchal, onde, a partir de 1932, se fixa por uns anos.7 Contemporâneo de Carlos Ramos, Cassiano Branco e Cristino da Silva, a sua arquitectura reflecte bem a dualidade estética que caracterizou esta geração, sempre hesitante entre a expressão modernista e um historicismo regionalista vulgarmente conhecido como Português Suave.8 Só nesta perspectiva será possível compreender que um mesmo autor tenha obras tão díspares quanto o Mercado dos Lavradores [f], de clara feição modernista, e a agência do Banco de Portugal no Funchal [g], com as suas grandes colunas de fuste canelado, entablamento e frontão sem cimalha.
     A sua devoção pela Casa Portuguesa inscreve-se neste quadro de hesitações da sua geração: “para nós portugueses” – escreverá mais tarde – “a casa que mais agrada e satisfaz é a casa de constituição e fisionomia portuguesa, o lar simpático, confortável e acolhedor, que nos fala a nossa língua, que está de acordo com o nosso modo de ser”9. Essa casa não era, no entanto, encarada como um modelo estático, incapaz de evoluir e de se modernizar. “De modo algum”, concordava Reis Gomes, “dentro do tipo regional, um arquitecto penetrado dos princípios orgânicos e decorativos deste tipo, pode variar sem limites os modelos das respectivas construções.”10 Edmundo Tavares partilhava da mesma opinião.11

A modernização da “casa madeirense”

Em 1934, a Junta Geral Autónoma do Distrito do Funchal decidiu abrir a Avenida Oeste (actual Avenida do Infante), já prevista pelo plano de Ventura Terra, para criar um bairro novo. Em nota de rodapé da edição de 1937 de Casas madeirenses, Reis Gomes congratulou-se com a natureza das normas para as novas edificações onde se diz que “deverão ter o cunho madeirense, devidamente modernizado”. Raul Lino e Edmundo Tavares irão construir algumas delas. Finalmente, dois dos teóricos da “casa portuguesa” iam ter a oportunidade de mostrar, na prática, como devia ser a “casa madeirense”.
     O primeiro projectou a Vila Ema [h]. Com as suas cantarias em “pedra mole”, paramentos caiados, telhado com beirado saliente em telha de canudo – onde não falta o tradicional “sanquedo”12 – e o alpendre adossado à fachada, a Vila Ema está próxima do arquétipo da Casa Portuguesa tal como Raul Lino a concebia: a tal que realizaria “em qualquer época, o ideal de uma moradia funchalense”13. Projecto “de linhas sóbrias” e “isento de ornamentação ou qualquer extravagância inútil”14, como refere na memória descritiva, esta casa é também o reflexo da sua obstinada  recusa em utilizar materiais ou soluções fora da “paleta” tradicional.
     Nos lotes vizinhos (50 e 52), por sua vez, Edmundo Tavares projecta duas casas com mirante [i], numa alusão ao tema da “torre avista navios”, tema, aliás, já abordado nas soluções que apresenta para ilustrar a tese do livro de Reis Gomes. Mas o importante aqui é a verificação prática da arriscada tese, isto é, a da possibilidade de modernizar a Casa Madeirense. Os sinais dessa modernização são múltiplos: varandas e pérgolas em betão armado, geometrismo decorativo de inspiração art déco, telhados em telha marselha sem sanqueado nem beiral e alguns dos vãos secamente rasgados no pano da fachada sem a tradicional bordadura de cantaria. O tema do alpendre está presente, mas o da “casa de prazer” é inaudível.
     A curiosa impressão que nos fica, sobretudo quando comparamos estas casas com o rusticismo da Vila Ema, é a de estarmos em presença de algo que, na hesitação do partido a tomar, ficou a meio caminho – híbridos resultantes de uma síntese falhada. Inabilidade do arquitecto? Impossibilidade de fazer a síntese entre dois modelos? Talvez  uma mistura de ambas as coisas...  Já nos projectos com que ilustrara as Casas madeirenses, o desenho de Edmundo Tavares revelava essa dificuldade de síntese entre duas expressões arquitectónicas,  levando-o a hesitar entre o pastiche [j] e o difícil compromisso com o “moderno” [k]. Não deixa de ser curioso o facto de, alguns anos mais tarde, na sua obra sobre a “habitação portuguesa”15, apresentar entre os exemplos de “vivendas” por si construídas no Funchal, uma moradia de recorte vincadamente modernista – um ananás em terra de bananas que nunca teria cabido no livro de Reis Gomes.  
     Tudo indica, portanto, que os modelos gerados por este regionalismo de inspiração romântica e pitoresca só eram viáveis no quadro de um certo imobilismo estilístico, revelando-se incapazes de evoluir ou de se modernizar sem perder a autenticidade. Na sua imóvel e austera rusticidade, a Vila Ema é testemunha disso mesmo. Não nos diz “coisas novas na linguagem que sempre foi muito nossa” – como advogava o seu autor quando falava sobre a “casa madeirense” –, antes repete coisas antigas num vocabulário arcaico para a época. Talvez, por isso, haja qualquer coisa de trágico e ao mesmo tempo caricato na despojada beleza desta moradia, no episódio romântico do seu arco gótico a querer evocar eras longínquas, glórias perdidas, sonhos anacrónicos de um país rural e atrasado que, pela mão tardia de Raul Lino, a Madeira fazia também seus.

Alguns equívocos da arquitectura regionalista
Todas as doutrinas regionalistas partem da ideia de que as  sociedades contêm um núcleo, ou essência, que deve ser desvelado e preservado.16 Algo que, entre nós, se manifesta já no pensamento romântico de Herculano com a ideia de “índole” nacional. No que à arquitectura diz respeito, os factores considerados determinantes seriam: lugar geográfico, clima, costumes, tecnologias tradicionais e materiais de uso local. “A arquitectura, como arte” – escreve Reis Gomes –, “é uma modalidade estética do espírito de cada povo, em estreita ligação com os hábitos e as condições que o cercam.”17
     Industrialização, standartização e uniformização, foram vistos como a principal ameaça a esse mundo considerado genuíno e coerente. Foi contra esta ameaça que estes regionalistas travaram o seu combate, fosse opondo-se radicalmente a todas as formas de modernismo, como foi o caso de Raul Lino, fosse tentando domá-la, impregnando-a dos temas de expressão local, como foi o caso de Reis Gomes. Um combate de equívocos, que iria mais tarde reacender-se com a realização do Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa, levado a cabo entre os anos de 1955 e 1960 pelo então denominado Sindicato Nacional dos Arquitectos. Este conduziria de novo à reinterpretação dos temas da arquitectura popular, sobre a qual se lançava agora um olhar científico, aparentemente  isento de devaneios românticos.
     A verdade, porém, é que entre os regionalistas insulares dos anos de 1930 e esta geração de arquitectos do pós-guerra, as únicas diferenças que há a registar referem-se ao material iconográfico considerado relevante para gerar arquitectura enraizada no lugar. Enquanto os primeiros se entregaram a uma recolha ecléctica que não distinguia a expressão erudita da popular, nem o plano decorativo do estrutural, os segundos circunscreveram-se à expressão dita popular, nela colhendo os sinais a que a sua formação modernista atribuía mais significado: racionalidade, despojamento formal, economia de meios.
     Outra das dificuldades da opção regionalista foi sempre a de fixar as próprias fronteiras da região. O Noroeste da Península Ibérica? O Mediterrâneo? A Madeira? A Macaronésia? Portugal? Em todas elas é possível encontrar constantes e variantes. Só em comunidades com um elevado grau de isolamento – as que existiram no mundo pré-industrial e de economia predominantemente agrária – era possível estabelecer diferenciações culturais com alguma estabilidade. Nesse passado, do qual podemos hoje apenas preservar os vestígios, era de facto possível fazer coincidir especificidades culturais com regiões. O mundo da comunicação instantânea em que vivemos tornou essa tarefa muito difícil.
     Esta dificuldade em fixar territórios e estabelecer as constantes da nossa arquitectura esteve presente em todas as formas de regionalismo. Em Raul Lino, que tão depressa reconheceu que, “dada a variedade etnográfica, a diferenciação de climas e paisagem que existe no continente, não é de espantar que não haja um tipo único de casa portuguesa”18 como algumas páginas depois afirmou peremptório que: “Não temos dúvida em afirmar que existe a casa portuguesa, característica, inconfundível, pelo menos no que respeita a sua aparência externa.”19 Está presente na Arquitectura popular em Portugal20 que tanto nos diz que “entre uma aldeia minhota e um monte alentejano, há diferenças muito mais profundas do que entre certas construções portuguesas e gregas”, como logo de seguida conclui que as “características típicas da arquitectura portuguesa” são “a sobriedade, a horizontalidade e o hermetismo”.
     Determinar as constantes ou a essência de uma arquitectura, seja ela  nacional ou regional, é uma “decantação” de resultados incertos, em que o material recolhido depende muito do “filtro” utilizado pelo investigador. Tarefa ingrata tanto para críticos, historiadores ou arquitectos, nesta compita, talvez seja a estes últimos que cabe a última palavra, não pelo que escrevem nem pela coerência dos princípios que defendem, ou pela fé que neles depositam, mas pela forma como interpretam os motivos que plasticamente melhor servem a sua arte.|


1 Raul Lino. Arquitectura: a propósito da Casa Madeirense. Das artes e da história da Madeira. Vol. 6, nº 132 (1962), p. 42-44. 

2 Ibid.

3 Ibid.
 
4 Raquel Henriques da Silva. A “Casa Portuguesa” e os novos programas, 1900-1920. in Annette Becker; Ana Tostões; Wilfried Wang (orgs.). Arquitectura do século XX: Portugal. Lisboa : Prestel ; Portugal-Frankfurt, 1997, p. 17.

5 Carta ao administrador do Grémio dos Exportadores de Frutas e Produtos Hortícolas da Ilha da Madeira, 1942. Espólio Raul Lino, Fundação Calouste Gulbenkian, Biblioteca de Arte.

6 João dos Reis Gomes. Casas madeirenses. Colaboração artística de Edmundo Tavares da Escola de Belas Artes de Lisboa. Funchal : Diário da Madeira, 1937.

7 Cf. Teresa Vasconcelos. O plano Ventura Terra e a modernização do Funchal (primeira metade do século XX). Col. Funchal 500 Anos, nº 9. Funchal : Funchal 500 Anos, 2008, p. 68, n. 228.

8 Cf. José Manuel Fernandes. A arquitectura em Por-tugal nos anos 1930-40: do Modernismo ao Estado Novo : heranças, conflitos, contextos. In CONGRESSO DOCOMOMO, 5, Barcelona, 2005. Actas. [Consult. June 1, 2011]. Disponível em: https://upcommons.upc.edu/revistes/bitstream/2099/ 2364/1/60_67_manuel_fernandes.pdf

9 Edmundo Tavares. A habitação portuguesa: casas modernas. Lisboa : Bertrand, 1951, p. 22-23.

10 João dos Reis Gomes. Op. cit., p. 78.

11 Edmundo Tavares. Op. cit., p. 22-23.

12 Cf. Raul Lino. Arquitectura: a propósito da casa madeirense. Op. cit., p. 42-44.

13 Ibid.

14 Memória descritiva da casa para a Ex.ma Senhora D. Ema Favila Vieira. 1942. Espólio Raul Lino Archive, Fundação Calouste Gulbenkian, Biblioteca de Arte.

15
Edmundo Tavares. Op. cit.

16
Cf. Alan Colquhoun. Critique of Regionalism. in Vincent B. Canizaro (ed.). Architectural Regionalism: Collected Writings on Place, Identity, Modernity and Tradition. New York : Princeton Architectural Press, 2006, p. 141-145.

17 João dos Reis Gomes. Op. cit., p. 82.

18 Raul Lino. A casa portuguesa. Ed. Exposição Portuguesa em Sevilha. Lisboa : Imprensa Nacional, 1929, p. 6.

19
Ibid., p.56.

20 Sindicato Nacional dos Arquitectos (ed. lit.). Arquitectura popular em Portugal. Lisboa : SNA, 1961.


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